ATA DA TRIGÉSIMA NONA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 10.12.1996.

 

Aos dez dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e trinta e seis minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Prêmio de Artes Plásticas "Iberê Camargo" ao Senhor Anestor Tavares, nos termos do Requerimento nº 22/96 (Processo nº 2247/96), de autoria do Vereador Antonio Hohlfeldt. Compuseram a MESA: o Ver. Isaac Ainhorn, Presidente desta Casa; o Senhor Anestor Tavares, Homenageado; o Coronel Irani Siqueira, Representante do Comando Militar do Sul; o Senhor Mário Emílio de Menezes, Representante da Associação Riograndense de Imprensa; o Senhor Flávio Petró, Representante da Superintendência da Caixa Econômica Federal e o Senhor Cláudio Ely, Representante da Secretaria Municipal da Cultura. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou a todos para que, em pé, assistissem à execução do Hino Nacional. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Antonio Hohlfeldt, em nome das Bancadas do PSDB, PDT, PTB, PMDB, PC do B e PST, teceu considerações à respeito das obras do homenageado, que ao longo de todo o seu trabalho foi capaz de registrar o cotidiano da Cidade de Porto Alegre. A Vera. Maria do Rosário, em nome das Bancadas do PT e PPB, falou sobre a importância de se conceder este Prêmio a uma pessoa que tanto contribuiu para a arte do Estado. O Ver. Lauro Hagemann, pela Bancada do PPS, relembrou momentos em que encontrou o homenageado, falando de suas importantes produções de obras. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou o Ver. Antonio Hohlfeldt e a Senhora Enilda Tavares, esposa do homenageado, para que fizessem a entrega do Prêmio e do livro "Porto Alegre à Beira do Rio e do Meu Coração". Logo após, foi concedida a palavra ao Senhor Flávio Petró, que falou da imensa contribuição que o homenageado teve para a imagem, cultura e artes plásticas de Porto Alegre. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Anestor Tavares, que agradeceu a presente homenagem, retratando os incentivos que recebeu até este momento. Às dezesseis horas, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária a ser realizada amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Isaac Ainhorn e secretariados pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, como Secretário "ad hoc". Do que eu, Antonio Hohlfeldt, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a Presente Ata que, após ser distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Damos por aberta esta Sessão Solene que destina-se à entrega do "Prêmio de Artes Plásticas Iberê Camargo" ao Sr. Anestor Tavares.

Convidamos para compor a Mesa o Sr. Anestor Tavares; o Coronel Irani Siqueira, representando o Comando Militar Sul; o Sr. Flávio Petró, representando a Superintendência da Caixa Econômica Federal; o Sr. Cláudio Ely, neste ato, representando a Secretaria Municipal da Cultura; o Sr. Mário Emílio de Menezes, representante da ARI - Associação Rio-Grandense de Imprensa.

Convidamos a todos para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(É executado o Hino Nacional.)

 

Esta Casa sente-se honrada, nesta Sessão Solene, por fazer a outorga do título "Prêmio de Artes Plásticas Iberê Camargo" a Anestor Tavares que se distingue por sua condição de um dos mais destacados e talentosos mestres da xilogravura neste Estado, neste País. Esta Casa sente-se sumamente honrada em recebê-lo aqui, Anestor, nesta oportunidade. Não poderia ser de outra forma, com a presença de Vereadores ligados ao setor cultural, através da iniciativa de um Vereador que marca a sua trajetória parlamentar por um engajamento profundo na área cultural, que sofre, tantas vezes, dificuldades e problemas de incentivos e recursos para o seu desenvolvimento. Felizmente, ainda há um grupo de parlamentares e de homens públicos extremamente preocupados com essa questão e que buscam, sobretudo, incentivadores que têm, na nossa Caixa Econômica Federal, um ponto muito alto. Com a Caixa queremos fortalecer nossos laços e nossas parcerias, incentivando a atividade cultural na Cidade de Porto Alegre.

Fará uso da palavra inicialmente, na condição de proponente e pelas Bancadas do PSDB, PDT, PTB, PMDB, PC do B e PST, o Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os membros da Mesa). Meu querido Anestor.

Quero registrar a presença de Suzane Fröelich, Marisa Veeck, Leonor Sonnenreich, pois estas três amigas de longa data respondem bastante diretamente por esse momento, porque partiu delas, entre outras pessoas, essa idéia da homenagem ao Anestor. E dizer que se hoje a Câmara Municipal está realizando esta Sessão e concretiza mais esta homenagem ao Anestor é porque pessoas como Suzane e Marisa são capazes, no seu trabalho profissional, de lembrar daqueles artistas que, muitas vezes, acabam afastados do chamado mercado de arte, mas cuja obra tem uma imensa importância.

No nosso caso, a homenagem ao Anestor Tavares com o "Prêmio Iberê Camargo" une de uma certa maneira duas pontas, tão diferentes quanto semelhantes, das artes plásticas do Rio Grande do Sul. Diferentes porque nada mais rigoroso, nada mais erudito, nada mais acadêmico no sentido do preparo técnico que Iberê Camargo, que dá o batismo a este Prêmio, a este Diploma, que é o contraste do Anestor, porque nada mais preocupado com linguagem e técnicas populares do que o Anestor, que trabalhou toda a sua vida com a xilogravura e com temas do nosso cotidiano. No entanto, os dois se juntam e se identificam, sem dúvida, pela absoluta disciplina que as artes plásticas exigem de cada um que a ela se dedica.

Exatamente esta simbiose, dentro de uma contradição e dentro de duas tendências totalmente diversas, é que acho que faz a curiosidade deste momento.

Porto Alegre, através desta Casa, homenageia um artista que, ao longo de todo o seu trabalho, foi capaz de registrar o cotidiano da Cidade de Porto Alegre, dos acontecimentos, das festas, do dia-a-dia do Rio Grande do Sul, dessas classes populares que muitas vezes não têm espaço para terem suas próprias imagens, através da música, teatro, literatura ou através das artes plásticas.

O Anestor o tempo todo fez isso ao longo da sua vida artística. E soube como ninguém escolher uma técnica apropriada, uma das mais tradicionais que conhecemos nas artes plásticas - e "tradicionais" não quer dizer fáceis, porque "populares" também não quer dizer destituídas de sensibilidade e de dedicação - que é a xilogravura. Ela pode ser feita com poucos equipamentos, é uma arte aparentemente rudimentar, dispõe de materiais bastante simples e disponíveis, que são madeiras variadas. Às vezes, de pequenos tacos se podem fazer tantas coisas como conhecemos da arte nordestina, dos nossos xilogravuristas. Mas o Anestor levou a essa técnica, a essa arte, realmente, uma qualificação extrema. Basta a gente ver o traço fino que destoa, normalmente, da técnica da xilogravura, que trabalha com traço mais grosso, mais amplo. Isso significa um apuro artesanal que pouca gente consegue ter, como o Anestor teve. Mas mais do que o artista, ou ao lado do artista que conheci ainda nos bons tempos do nosso Ateliê Livre de Porto Alegre, que o Cláudio representa aqui indiretamente, queria lembrar que o Anestor Tavares, como tantos dos nossos artistas, nem sempre pôde ter a alegria de viver ou de sobreviver e de manter sua família exclusivamente da sua arte. E por isso, como tantos de nós, foi buscar uma outra atividade paralela que lhe permitisse fazer o seu sustento e dos seus. E lá fui eu encontrar o Anestor trabalhando numa área que, no fundo, não era tão longe da dele que era a música, através da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Ainda há pouco o Anestor lembrava que em 1973 tivemos a oportunidade de viajar juntos na primeira - e até hoje, infelizmente, única - grande excursão nacional que a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre realizou. Eu ia como jornalista assessor da Orquestra e o Anestor ia naquela função que foi sempre a sua, que era a de preparar os espaços onde a Orquestra tocava, recolher cadeiras, pautas, enfim, aquilo que era o anônimo fundamental para que um concerto pudesse acontecer. E o Anestor sempre fazia isso com extrema bonomia, com alegria, contando histórias e piadas e viajávamos em três ou quatro ônibus, dependendo dos locais aonde íamos, e o Anestor ia contando histórias e tomando chimarrão. Lembro-me de tudo isso, inclusive do nosso grande concerto lá em Brasília, onde segmentos da OSPA se separaram justamente para fazer diferentes atividades. Pois é este homem, que sempre foi extremamente simples, que sempre foi extremamente humilde, que, felizmente, a memória da Marisa e da Suzane e o apoio da CEFER dentre outros através do Flávio Petró, resgatou literalmente nesse Projeto que em tão boa hora a Caixa vem patrocinando e desenvolvendo, porque, infelizmente, na sociedade de massa, do consumo, aqueles artistas que não tem as suas estruturas de mídia montadas tendem a ser esquecidos desse mercado formal. Só os que conhecem a atividade artística vão lembrar de buscar o Anestor na casa dele, fora do Centro da Cidade, fora das grandes galerias e reencontrar aquela arte fantástica, que o Anestor nos apresenta e faz funcionar quase como um espelho, mas um espelho crítico da nossa realidade. Foi exatamente a partir do Projeto "Resgatando a Memória", que a Marisa e a Suzane montaram na Caixa, em agosto deste ano, que me ocorreu que a única coisa que eu poderia fazer para dizer ao Anestor o quanto Porto Alegre lhe devia e o quanto queríamos agradecer era, na minha função eventual de Vereador desta Cidade - com a aquiescência dos demais 32 Vereadores, dentre os quais a Vera. Maria do Rosário, Ver. Lauro Hagemann, Ver. Isaac Ainhorn, que é Presidente da Casa, neste ano -, apresentar o Projeto, que nos é facultado. A Câmara de Porto Alegre tem uma série de prêmios que são pequenos, mas significativos: o Prêmio de Teatro, que se chama "Qorpo Santo"; Prêmio de Literatura, "Érico Veríssimo"; "Iberê Camargo" na área das Artes Plásticas; Prêmio da Música, "Lupicínio Rodrigues"; e escolhemos nomes diferentes daqueles autores, daqueles artistas, que ao longo da sua vida destacaram-se e passaram a ser referência na história das nossas artes. Ao Anestor, que a Casa reconhece por tudo o que fez - e certamente este Prêmio não é suficiente por tudo que fizeste, Anestor, mas é um pouco, uma maneira -, a ti nós concedemos o Prêmio "Iberê Camargo", uma maneira, em nome de Porto Alegre, de dizermos obrigado pelo teu trabalho, e de deixar registrado o teu nome junto a esta Casa, que é política, mas também é uma Casa preocupada com esse lado da cultura da sociedade do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre.

Quero também dizer ao Flávio Petró, na representação da Caixa, que é muito bom que a Caixa Econômica Federal - que é o organismo, hoje, talvez, de maior presença no cotidiano urbano, já que o Banco do Brasil trabalha mais na área rural, em termos de instituição financeira federal - patrocine projetos desse tipo. Torço, Flávio, e peço que transmitas aos superiores da instituição - no meu caso, muito especialmente, enquanto Vereador do PSDB, mas tenho certeza que todos os colegas, que confiaram em mim e que, mesmo tendo divergências em relação à orientação partidária, sabem que a Caixa, como instituição, é fundamental na realidade brasileira e que é importante que a Caixa mantenha esse Projeto nos próximos anos. Nós temos muitos nomes a serem resgatados e este que vamos homenagear a partir de amanhã, Trindade Leal, é outro que será fantástico encontrar: há muitos anos o vi em São Paulo quando fui fazer uma entrevista com ele para o "Correio do Povo". Peço que transmita à Superintendência que, ao lado da importância deste Projeto que destacamos e reconhecemos, queremos deixar registrada uma reivindicação, que não é minha, é de toda a Casa: é que nas artes nós precisamos daquele espaço na Rua da Praia, onde temos a Companhia de Artes. Já dissemos aqui: vamos brigar, no bom sentido, para que a Caixa mantenha aquele espaço para as atividades culturais e queremos ter em ti, Flávio, um aliado para que possamos sensibilizar a direção lá, em Brasília, para que não se fique nos projetos de financiamentos de peças de teatro em nível nacional - as temporadas estão sendo realizadas -, que não se fique neste Projeto, que é fundamental e merece todos os elogios possíveis, mas que a Caixa some mais uma contribuição, no caso específico de Porto Alegre, a manutenção da Companhia de Artes. É importante, tenho certeza de que tu vais sair daqui jogando junto conosco essa briga.

Anestor, a homenagem hoje é para ti, ao completar o meu terceiro mandato. Esta é a última semana de atividades na Câmara, hoje é o último dia das atividades mais sociais da Casa. Sinto-me satisfeito de que o último Projeto que eu tenha protocolado neste ano, neste campo, tenha sido exatamente este Projeto e o "Prêmio Iberê Camargo". Muito obrigado por esta oportunidade e, sobretudo, obrigado aos meus companheiros Vereadores pelo apoio do voto ao Anestor.

Espero que tu sejas muito feliz, que ainda produzas muito, porque precisamos muito da tua gravura. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está com a palavra.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.)

Nesta tarde, nós nos reunimos para uma homenagem ao nosso querido Anestor Tavares. Em 1995, quando esta Casa apreciou e criou o "Prêmio Iberê Camargo de Artes Plásticas", o nosso maior desejo era de que este Prêmio fosse concedido às personalidades e aos artistas que nesta área nos honram, que nesta área transformam pelo seu trabalho a Cidade de Porto Alegre, apresentam a Cidade de Porto Alegre, dos quais nos orgulhamos, assim como temos no próprio Iberê Camargo uma referência absolutamente importante para a produção artística brasileira. Era desejo também que nós conseguíssemos apresentar à Cidade diversas gerações, valorizando o trabalho de cada uma delas. Sem dúvida, o trabalho dos jovens artistas da produção emergente, assim como aquela produção que já compõe, constrói a própria história da produção artística da Cidade de Porto Alegre.

Hoje, quando entregamos, por iniciativa do Ver. Antonio Hohlfeldt, o "Prêmio Iberê Camargo" ao artista Anestor Tavares, nós ficamos extremamente felizes. Eu me encontro muito feliz quando represento, nesta tribuna, as Bancadas do Partido dos Trabalhadores e do PPB, dos Vereadores Pedro Américo Leal e João Dib. Aqui fazemos uma unidade para cumprimentar o Anestor Tavares e dizer a ele que este Prêmio é dado pelo seu trabalho, pela sua contribuição à arte do Rio Grande do Sul e, antes de tudo, porque pelo seu trabalho e contribuição a Cidade de Porto Alegre e este nosso Estado se vê, enxerga-se e reflete-se. A gravura do Rio Grande do Sul sempre ocupou um lugar de destaque no cenário nacional. A obra de Anestor Tavares representa seguramente um lugar de luz. Um lugar de luz dentro de um sistema institucionalizado, e abre uma discussão da qual nos interessa participar: a discussão entre um artista chamado erudito e a produção de um artista primitivo. Essa, como tantas outras dicotomias que perpassam a produção cultural, nos mostra determinadas verdades. E a obra do próprio Anestor Tavares é uma dessas verdades, que não é somente a verdade dos seus temas, mas do seu próprio projeto estético, cuja opção o artista expressou muito bem, em determinada época, quando disse: "Acho que ser primitivo, no meu caso, é uma felicidade. Porque muitos gostariam de sê-lo, e não conseguem. Sou feliz sendo primitivo. Porque o primitivo, no meu entender, traz na sua essência a simplicidade da vida." E a obra de Anestor Taraves, a obra na qual vemos refletidas as imagens do nosso Estado do Rio Grande do Sul e da nossa Cidade de Porto Alegre na sua história, é uma história de simplicidade e, ao mesmo tempo, uma história complexa nas suas diferentes nuances. De fato, aqui, e em nenhum lugar, o primitivo ou a opção por ele se confunde com aquilo que não é a profunda dedicação ao trabalho e a produção apurada.

Muitas vezes, no nosso Estado e no País, a gravura não tem recebido a valorização que merece pelo mercado. Essa é uma constatação, mas é preciso lembrar que a gravura precedeu em vários séculos a todos os mais modernos meios de reprodução gráfica. Essa teve, portanto, um papel revolucionário e deve ter, no nosso tempo, um lugar de destaque entre as outras produções e categorias artísticas. O trabalho que tivemos a oportunidade de ver na magnífica exposição recentemente organizada pela galeria da Caixa Econômica Federal pelo Projeto "Resgatando a Memória" apresenta-nos um grande gravador, apresenta-nos uma obra apurada, completa, de uma vida: a vida de Anestor Tavares. Poucos artistas expressam o resultado de sua arte como o Anestor - pelo próprio temperamento. O Anestor é um gaúcho, nascido em 1921, que viu e participou do seu tempo e o apresentou pela sua obra. Nasceu em Camaquã e identifica a sua história com o próprio trabalho. Como ele, transpira o seu trabalho quietude, reflexão e muitas vezes satisfação. É isso que eu vejo na obra do Anestor Tavares. É preciso observar a sua obra com atenção, é preciso dar-se tempo para que seu traço simples, econômico, único em sua constituição, traga-nos ao olhar a beleza de suas imagens, de todas as imagens que ele reflete. Hoje, na entrega do "Prêmio Iberê Camargo" a Anestor Tavares, a Câmara Municipal de Porto Alegre junta-se no resgate desse legado, do trabalho que a própria Caixa Econômica Federal está desenvolvendo de reapresentação permanente dos artistas da nossa Cidade e do nosso Estado. Junta-se à Câmara Municipal no resgate deste legado, mostrando que está sempre presente e acompanhando os diferentes momentos importantes da produção artística do Rio Grande do Sul. Somos todos felizes pelo Anestor Tavares receber no dia de hoje o "Prêmio Iberê Camargo". Mais feliz ainda é a nossa Cidade, que pode contar com artistas com essa produção e deste porte. Muito obrigada e parabéns ao Anestor e a todos nós. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu não poderia deixar de estar presente nesta homenagem por uma razão muito especial e pessoal. Encontrei Anestor Tavares nos idos de 1964 quando se começava a montar a Divisão de Cultura do Município, e ele integrava o corpo funcional da Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Fui encarregado pelo então Ver. Hamilton Chaves, que fora designado pelo então Prefeito Sereno Chaise para montar e dirigir a Divisão Municipa1 da Cultura, em substituição à Secção de Cultura, que era dirigida a Profª Estelita Cunha. Foi lá que encontrei Anestor Tavares, junto com o pessoal do Ateliê Livre, o Chico Stockinger, o Danúbio Gonçalves e os outros artistas que compunham aquele elenco. A vida se encarregou de nos extraviar, mas, de vez em quando, nos encontrávamos e rememorávamos aqueles momentos, que não foram muitos; em seguida o Golpe Militar de 64 se carregou de esparramar a todos. O Anestor ficou fiel. E eu acho que é extremamente justa a lembrança do Ver. Antonio Hohlfeldt ao homenagear o Anestor com o "Prêmio Iberê Camargo". Estamos diante de um artista popular na mais completa acepção do termo. Não só a simplicidade, a origem do Anestor, mas os temas que ele desenvolve se compõem do nosso cotidiano. E Porto Alegre sente-se sumamente honrada em tê-lo no elenco daqueles que promoveram Porto Alegre no cenário artístico nacional e até internacional. Como tantos outros - o próprio Iberê - o Anestor não é natural de Porto Alegre, mas aqui construiu a sua vida, desenvolveu os seus pendores artísticos e continuou sendo o cidadão prestante que todos nós gostaríamos de ser também. Não pretendo fazer exegese da obra do Anestor, apenas registrar esses pequenos fatos e dizer o quanto ele contribuiu para a promoção de Porto Alegre no cenário das artes plásticas do nosso Estado e do nosso País e que queremos que ele sobreviva por muito tempo e que as suas quase quinhentas produções, como ele dizia aqui, possam se transformar em outras tantas, e todas elas com a excepcional qualidade que ele sempre imprimiu ao que produziu. Anestor, muito prazer e muito obrigado pela tua contribuição. A Cidade de Porto Alegre agradece. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência tem a honra de convidar o Vereador autor da iniciativa dessa premiação para que faça a entrega do "Prêmio de Artes Plásticas Iberê Camargo". Convidaria, também, a esposa do Anestor para nos acompanhar nessa entrega, a Sra. Enilda Tavares.

 

(É feita a entrega do prêmio e do livro "Porto Alegre à Beira do Rio e em Meu Coração".)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de passar a palavra àquele que, poderíamos dizer, é o artista principal, o personagem principal da tarde - o Anestor - nesta oportunidade, concedemos a palavra para uma saudação ao Sr. Flávio Petró, que representa a Superintendência da Caixa Econômica Federal.

 

O SR. FLÁVIO PETRÓ: Boa tarde a todos. "A gente não quer só comida; a gente quer comida, diversão e arte". Este verso espelha aquilo que a Caixa Econômica Federal faz. A gente faz, não digo comida, mas a estrutura dos nossos Municípios, as obras de saneamento, e tudo aquilo que uma cidade precisa. Nós estamos do lado da comunidade, atendendo-os em tudo o que é necessário. E também não esquecemos as artes; a memória do nosso povo. Assim, queremos contribuir, neste momento, com a Cidade de Porto Alegre. E o Anestor Tavares é mais um dos que contribuiu muito para essa memória e para essa imagem da nossa Cidade e do nosso povo. São essas as poucas palavras, mas que espelham o que a Caixa faz e que queríamos deixar registrado. Muito obrigado à Câmara de Vereadores pela oportunidade, na figura de seu Presidente, Isaac Ainhorn, ao Ver. Antonio Hohlfeldt, que buscou esse projeto importante de homenagem ao nosso artista, e a lembrança de estar aqui com vocês neste momento tão importante. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Sr. Anestor Tavares.

 

O SR. ANESTOR TAVARES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, colegas como Paulo Peres e Marisa, demais presentes, isso é uma das provas do meu trabalho e do incentivo que sempre recebi por ele como artista. Quero agradecer a todos, de uma forma ou de outra, pois me incentivaram, como a Marisa, que chegou ao ponto de fazer aquela exposição na Caixa; e depois em Rio Grande, Santa Maria, Passo Fundo e tantas por aí. Eu me sinto honradíssimo por tudo isso, pelos amigos, pelo grande amigo Antonio Hohlfeldt que, por sua iniciativa, concedeu-me esse grande Prêmio que recebo hoje. Sou agradecido e cheio de amor por esse grande presente que recebo. Só em estar aqui na Câmara Municipal já é um orgulho para mim. Com esse Prêmio que recebo estou com a minha vida realizada. Quando precisarem de mim para alguma exposição é só me procurar porque tenho todo o material para fazer qualquer exposição. Coloco-me à disposição de todos. Agradeço a todos, ao meu padrinho, que foi o meu braço forte, que me incentivou a seguir as artes, porque ele também é artista. Muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a presença de todos, das diversas entidades que integram a Mesa Diretora dos trabalhos, aos familiares do Sr. Anestor, à Caixa Econômica Federal, à ARI, à Secretaria Municipal de Cultura e, por derradeiro, quero dizer a vocês, ao Breno Korc, aqui presente e que tem também incentivado a atividade cultural, que desejamos que a próxima Legislatura, que assume no dia 1º de janeiro nesta Casa, continue acreditando e investindo nas atividades culturais na nossa Cidade, que sejam iluminados para que desenvolvam projetos e idéias que dinamizem a atividade cultural aqui na Cidade de Porto Alegre.

Fui Presidente desta Casa por um ano, e um ano passa muito rapidamente. Tenho uma ponta de frustração por não termos desenvolvido maior número de projetos culturais. Não nos faltaram idéias, mas, muitas vezes, o Poder Público nos apresenta restrições, limitações legais. Registro, inclusive, a disposição, a garra da Leonor Sonnenreich que, por várias vezes, esteve comigo, apresentando idéias e projetos que buscavam desenvolver, sobretudo, a atividade cultural a na Cidabe de Porto alegre, independentemente de qualquer interesse pessoal senão a atividade de promoção da cultura e das artes em nossa Cidade.

É o registro que fazemos em final de gestão, mas saímos com a consciência tranqüila de que esses quatro anos foram profícuos no que esta Casa promoveu através de projetos e iniciativas aqui realizadas e que tem como um de seus maiores momentos a outorga do "Prêmio Iberê Camargo" ao Anestor Tavares.

 Muito obrigado a todos.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 16 horas.)

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